Newsletter Nº398

Newsletter Nº398
News­let­ter Nº398

Faz hoje anos que nas­cia, em 1802, o mate­má­ti­co hún­ga­ro János Bolyai. Ele é um dos fun­da­do­res da geo­me­tria não eucli­di­a­na — geo­me­tria que não inclui o axi­o­ma de Eucli­des de que ape­nas uma linha pode ser tra­ça­da para­le­la­men­te a uma dada linha atra­vés de um pon­to que não se encon­tra na linha dada. O seu pai, Far­kas Bolyai, tinha dedi­ca­do a sua vida a ten­tar pro­var o famo­so pos­tu­la­do para­le­lo de Eucli­des. Ape­sar dos avi­sos do seu pai de que iria arrui­nar a sua saú­de e paz de espí­ri­to, János seguiu tra­ba­lhan­do nes­te axi­o­ma até que, por vol­ta de 1820, che­gou à con­clu­são de que não podia ser pro­va­do. Pros­se­guiu desen­vol­ven­do uma geo­me­tria con­sis­ten­te (publi­ca­da em 1882) na qual o pos­tu­la­do para­le­lo não é uti­li­za­do, esta­be­le­cen­do assim a inde­pen­dên­cia des­te axi­o­ma em rela­ção aos outros. Fez tam­bém um tra­ba­lho vali­o­so na teo­ria dos núme­ros complexos.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1832, o enge­nhei­ro civil fran­cês Gus­ta­ve Eif­fel. Ele era espe­ci­a­li­za­do em estru­tu­ras metá­li­cas, conhe­ci­do espe­ci­al­men­te pela Tor­re Eif­fel em Paris. Cons­truiu a sua pri­mei­ra das suas pon­tes de fer­ro em Bor­déus (1858) e este­ve entre os pri­mei­ros enge­nhei­ros a cons­truir fun­da­ções de pon­tes uti­li­zan­do cai­xo­tões de ar com­pri­mi­do. O seu tra­ba­lho inclui a con­cep­ção da cúpu­la gira­tó­ria para o Obser­va­tó­rio de Nice no cume do Mon­te Gros (1886), e o enqua­dra­men­to da Está­tua da Liber­da­de, ago­ra no por­to de Nova Ior­que. Depois de cons­truir a Tor­re Eif­fel (1887–9), que uti­li­zou para inves­ti­ga­ção cien­tí­fi­ca em mete­o­ro­lo­gia, aero­di­nâ­mi­ca e radi­o­te­le­gra­fia, cons­truiu tam­bém o pri­mei­ro labo­ra­tó­rio aero­di­nâ­mi­co em Auteuil, nos arre­do­res de Paris, onde pros­se­guiu o seu tra­ba­lho de inves­ti­ga­ção sem inter­rup­ção duran­te a I Guer­ra Mundial.

Faz igual­men­te hoje anos que nas­cia, em 1852, o físi­co fran­cês Hen­ri Bec­que­rel. Ele des­co­briu a radi­o­ac­ti­vi­da­de em sais flu­o­res­cen­tes de urâ­nio. “Em reco­nhe­ci­men­to dos ser­vi­ços extra­or­di­ná­ri­os que pres­tou pela sua des­co­ber­ta da radi­o­ac­ti­vi­da­de espon­tâ­nea”, par­ti­lhou com Pier­re e Marie Curie o Pré­mio Nobel da Físi­ca de 1903. As suas pri­mei­ras pes­qui­sas foram em óti­ca. Em 1896, numa gave­ta, tinha guar­da­do duran­te alguns dias uma pla­ca foto­grá­fi­ca em papel pre­to, e alguns cris­tais mine­rais de urâ­nio dei­xa­dos sobre ela. Mais tar­de, des­co­briu que a pla­ca se encon­tra­va emba­ci­a­da. Os cris­tais, há mui­to tem­po fora da luz solar, não con­se­gui­am flu­o­res­cer, mas ele des­co­briu aci­den­tal­men­te que o sal era uma fon­te de radi­a­ção pene­tran­te: radi­o­ac­ti­vi­da­de. Três anos depois, mos­trou que os rai­os eram par­tí­cu­las car­re­ga­das pela sua defle­xão num cam­po mag­né­ti­co. Ini­ci­al­men­te, os rai­os emi­ti­dos pelas subs­tân­ci­as radi­o­ac­ti­vas rece­be­ram o seu nome.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1859, o médi­co e ocu­lis­ta pola­co L.L. Zame­nhof. Ele é res­pon­sá­vel pela cri­a­ção da mais impor­tan­te das lín­guas arti­fi­ci­ais inter­na­ci­o­nais — o espe­ran­to. Ele acre­di­ta­va que todos no mun­do deve­ri­am ser capa­zes de comu­ni­car uns com os outros atra­vés de uma úni­ca lín­gua inter­na­ci­o­nal, por isso desen­vol­veu o espe­ran­to, que sig­ni­fi­ca “aque­le que espe­ra”. Foi intro­du­zi­do num pan­fle­to que ele publi­cou em 1887. O voca­bu­lá­rio espe­ran­to é com­pos­to prin­ci­pal­men­te de pala­vras com raí­zes lati­nas e pala­vras comuns a vári­as lín­guas. O espe­ran­to é menos com­pli­ca­do do que uma ten­ta­ti­va ante­ri­or de lín­gua arti­fi­ci­al cha­ma­da Vola­puk. Enquan­to asso­ci­a­ções de espe­ran­to se for­ma­ram em todo o mun­do, nun­ca se tor­nou ampla­men­te aceite.

Por fim, faz hoje anos que nas­cia, em 1861, o inven­tor nor­te-ame­ri­ca­no Char­les Duryea. Ele, com o seu irmão J. Frank Duryea cons­truiu o pri­mei­ro auto­mó­vel com múl­ti­plas cópi­as fabri­ca­do nos EUA. A 28 de Novem­bro de 1895, Frank con­du­ziu o seu car­ro para ganhar $2.000 na pri­mei­ra Cor­ri­da Auto­mó­vel Ame­ri­ca­na em Chi­ca­go, patro­ci­na­da pelo Chi­ca­go Times-Herald. Via­ja­ram 54 milhas de Chi­ca­go para Evans­ton, Illi­nois e de vol­ta, em pou­co mais de 10 horas. Em 1896, cri­a­ram a Duryea Motor Wagon Co. em Spring­fi­eld, Mass. para fabri­car vári­as uni­da­des de um veí­cu­lo a gaso­li­na. A sua pro­du­ção de 13 máqui­nas idên­ti­cas nes­se ano é con­si­de­ra­da como a pri­mei­ra pro­du­ção em série de auto­mó­veis ame­ri­ca­nos, ganhan­do-lhes o reco­nhe­ci­men­to como “Fathers of the Ame­ri­can Auto­mo­bi­le Industry”.

E nes­ta sema­na que pas­sou a nave espa­ci­al Ori­on da NASA vol­tou à Ter­ra, ater­ran­do no Oce­a­no Pací­fi­co, a oes­te da Baja Cali­for­nia, às 9:40 da manhã de Domin­go PST, após uma mis­são recor­dis­ta, via­jan­do mais de 1,4 milhões de milhas num cami­nho à vol­ta da Lua e regres­san­do em segu­ran­ça à Ter­ra, com­ple­tan­do o tes­te de voo Arte­mis I. Este é o pas­so final da mis­são Arte­mis I que come­çou com um lan­ça­men­to bem suce­di­do do fogue­tão Spa­ce Laun­ch Sys­tem (SLS) da NASA a 16 de Novem­bro, da pla­ta­for­ma de lan­ça­men­to 39B no Ken­nedy Spa­ce Cen­ter da NASA, na Flo­ri­da. Ao lon­go de 25,5 dias, a NASA tes­tou o Ori­on no ambi­en­te hos­til do espa­ço pro­fun­do antes de voar como astro­nau­tas no Arte­mis II.

Tam­bém nes­ta sema­na que pas­sou foi lan­ça­do a ver­são 6.1 do Ker­nel de Linux. Ao anun­ci­ar a che­ga­da à Linux Ker­nel Mai­ling List, Linus Tor­valds diz: “Então aqui esta­mos nós, uma sema­na atra­sa­dos, mas a sema­na pas­sa­da foi agra­dá­vel e len­ta, e eu estou mui­to mais feliz com o esta­do da ver­são 6.1 do que esta­va há algu­mas sema­nas atrás”. Uma impor­tan­te adi­ção ao Linux 6.1 é o supor­te (expe­ri­men­tal) à Rust, a “lin­gua­gem de pro­gra­ma­ção mul­ti-para­dig­ma, de uso geral”, que está a ter um cres­ci­men­to tre­men­do nas solu­ções de códi­go aber­to. Ape­sar de peque­no, este pas­so ini­ci­al de cri­a­ção é bom para a ambi­ção de dei­xar os devs do ker­nel escre­ve­rem o códi­go do ker­nel em Rust. Outra adi­ção ao ker­nel Linux 6.1 é Mul­ti-Gene­ra­ti­o­nal Least-Recen­tly-Used (aka MG-LRU; embo­ra isto ain­da não este­ja acti­va­do por defei­to). Para citar a docu­men­ta­ção no ker­nel, esta carac­te­rís­ti­ca de memó­ria: “…opti­mi­za a recu­pe­ra­ção da pági­na e melho­ra o desem­pe­nho sob pres­são de memó­ria” — hey: um melhor desem­pe­nho é sem­pre bem-vin­do. O filesys­tem btrfs tam­bém rece­beu inú­me­ras melho­ri­as de desem­pe­nho, assim como o EXT4. O supor­te do Nin­ten­do HID foi mui­to melhorado.
Glo­bal­men­te, o ker­nel 6.1 do Linux ofe­re­ce uma gama de novas fun­ci­o­na­li­da­des e actu­a­li­za­ções que melho­ram o desem­pe­nho e a segu­ran­ça dos sis­te­mas base­a­dos em Linux. Estas melho­ri­as fazem do Linux um sis­te­ma ope­ra­ti­vo ain­da mais pode­ro­so e fle­xí­vel, capaz de satis­fa­zer as exi­gên­ci­as de uma vas­ta gama de apli­ca­ções e utilizadores.

Por fim, nes­ta sema­na que pas­sou, o Labo­ra­tó­rio Naci­o­nal Lawren­ce Liver­mo­re con­du­ziu a pri­mei­ra expe­ri­ên­cia de fusão con­tro­la­da na his­tó­ria a atin­gir este mar­co, tam­bém conhe­ci­do como bre­a­ke­ven de ener­gia cien­tí­fi­ca, o que sig­ni­fi­ca que pro­du­ziu mais ener­gia a par­tir da fusão do que a ener­gia laser uti­li­za­da para a impul­si­o­nar. “Este é um mar­co his­tó­ri­co para os inves­ti­ga­do­res e pes­so­al do Nati­o­nal Igni­ti­on Faci­lity que dedi­ca­ram as suas car­rei­ras a ver a igni­ção por fusão tor­nar-se uma rea­li­da­de, e este mar­co irá sem dúvi­da desen­ca­de­ar ain­da mais des­co­ber­tas”, dis­se a Secre­tá­ria da Ener­gia dos EUA Jen­ni­fer M. Gra­nholm. “A Admi­nis­tra­ção Biden-Har­ris está empe­nha­da em apoi­ar os nos­sos cien­tis­tas de clas­se mun­di­al — como a equi­pa da NIF — cujo tra­ba­lho nos aju­da­rá a resol­ver os pro­ble­mas mais com­ple­xos e pre­men­tes da huma­ni­da­de, como for­ne­cer ener­gia lim­pa para com­ba­ter as alte­ra­ções cli­má­ti­cas e man­ter um dis­su­a­sor nucle­ar sem tes­tes nucleares”.

Na News­let­ter des­ta sema­na apre­sen­ta­mos diver­sas noti­ci­as, arti­gos cien­tí­fi­cos, pro­je­tos de maker e alguns víde­os interessantes.

Esta News­let­ter encon­tra-se mais uma vez dis­po­ní­vel no sis­te­ma docu­men­ta do altLab. Todas as News­let­ters encon­tram-se inde­xa­das no link.