Newsletter Nº354

Newsletter Nº354
News­let­ter Nº354

Faz hoje anos que nas­cia, em 1846, o quí­mi­co nor­te-ame­ri­ca­no Ira Rem­sen. Ele, jun­ta­men­te com Cons­tan­tin Fahl­berg des­co­bri­ram a saca­ri­na. Ensi­nou quí­mi­ca na Uni­ver­si­da­de Johns Hop­kins de 1876 (onde se tor­nou o seu segun­do pre­si­den­te em 1901–13). Intro­du­ziu ins­tru­ção labo­ra­to­ri­al avan­ça­da usan­do méto­dos de ensi­no que tinha apren­di­do na Ale­ma­nha sob Rudolph Fit­tig. Espe­ci­a­li­zou-se no anel de ben­ze­no e gru­pos afins. Com Cons­tan­tin Fahl­berg, um estu­dan­te que tra­ba­lha­va sob a sua direc­ção, sin­te­ti­zou pela pri­mei­ra vez o ortho­ben­zoyl sul­fi­mi­de (1879). Fahl­berg des­co­briu aci­den­tal­men­te o seu sabor inten­sa­men­te doce ao tocar os seus dedos nos seus lábi­os enquan­to, sem o saber, tinha alguns grãos sobre eles. O com­pos­to foi paten­te­a­do e comer­ci­a­li­za­do sob o nome comer­ci­al de “saca­ri­na”.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1901, o Mate­má­ti­co ger­ma­no-ame­ri­ca­no Richard Brau­er. Ele foi pio­nei­ro no desen­vol­vi­men­to da teo­ria da álge­bra. Tra­ba­lhou com Weyl em vári­os pro­jec­tos, incluin­do um famo­so arti­go con­jun­to sobre spi­nors (publi­ca­do em 1935 no Ame­ri­can Jour­nal of Mathe­ma­tics). Este tra­ba­lho ser­viu de base à teo­ria de Paul Dirac sobre o elec­trão gira­tó­rio no âmbi­to da mecâ­ni­ca quân­ti­ca. Com Nes­bitt, Brau­er intro­du­ziu a teo­ria dos blo­cos (1937). Brau­er utilizou‑a para obter resul­ta­dos sobre gru­pos fini­tos, par­ti­cu­lar­men­te gru­pos fini­tos sim­ples, e a teo­ria dos blo­cos teria um gran­de papel em gran­de par­te do tra­ba­lho pos­te­ri­or de Brau­er. Come­çan­do pela carac­te­ri­za­ção teó­ri­ca dos gru­pos sim­ples (1951), Brau­er pas­sou o res­to da sua vida a for­mu­lar um méto­do para clas­si­fi­car todos os gru­pos fini­tos simples.

Faz igual­men­te hoje anos que nas­cia, em 1902, o físi­co nor­te-ame­ri­ca­no Wal­ter Hou­ser Brat­tain. Ele par­ti­lhou (com John Bar­de­en e Wil­li­am B. Shoc­kley) o Pré­mio Nobel da Físi­ca em 1956 pela inves­ti­ga­ção de semi­con­du­to­res (mate­ri­ais dos quais são fei­tos tran­sís­to­res) e pelo desen­vol­vi­men­to do tran­sís­tor. Na facul­da­de, dis­se ele, for­mou-se em físi­ca e mate­má­ti­ca por­que eram as úni­cas dis­ci­pli­nas em que ele era bom. Tor­nou-se um físi­co sóli­do com uma boa com­pre­en­são da teo­ria, mas a sua for­ça esta­va na cons­tru­ção físi­ca de expe­ri­ên­ci­as. Tra­ba­lhan­do com as idei­as de Shoc­kley e Bar­de­en, as mãos de Brat­tain cons­truí­ram o pri­mei­ro tran­sís­tor. Em bre­ve, o tran­sís­tor subs­ti­tuiu o tubo de vácuo mais volu­mo­so para mui­tas uti­li­za­ções e foi o pre­cur­sor de peças elec­tró­ni­cas micro-miniatura.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1931, o físi­co, enge­nhei­ro acús­ti­co e inven­tor nor­te-ame­ri­ca­no James West. Ele desen­vol­veu a tec­no­lo­gia do trans­du­tor de elec­trões e a apli­cou para co-inven­tar o micro­fo­ne de alu­mí­nio do elec­trão. Devi­do aos bene­fí­ci­os do seu bai­xo cus­to, alta sen­si­bi­li­da­de e for­ma com­pac­ta, este tipo de micro­fo­ne pre­do­mi­na ago­ra na mai­o­ria das apli­ca­ções. A sua car­rei­ra tomou for­ma quan­do ain­da era licen­ci­a­do em Físi­ca. Após os Verões como esta­giá­rio no Depar­ta­men­to de Inves­ti­ga­ção Acús­ti­ca da Bell Labs, West foi-lhe atri­buí­do um car­go a tem­po intei­ro após a gra­du­a­ção em 1957. De 1960–62, tra­ba­lhou com Gerhard M. Ses­s­ler para aper­fei­ço­ar o micro­fo­ne elec­tret e, em 1968, esta­va em pro­du­ção em mas­sa. O seu nome está em mais de 250 paten­tes. Este tipo de micro­fo­ne é ago­ra ampla­men­te encon­tra­do em tele­fo­nes, câma­ras de vídeo e apa­re­lhos auditivos.

Por fim, faz hoje anos que nas­cia, em 1936, o cien­tis­ta infor­má­ti­co isra­e­li­ta Abraham Lem­pel. Ele é um dos pais da famí­lia LZ de algo­rit­mos de com­pres­são de dados sem per­das. Os seus tra­ba­lhos his­to­ri­ca­men­te impor­tan­tes come­çam com a apre­sen­ta­ção do algo­rit­mo LZ77 num arti­go inti­tu­la­do “A Uni­ver­sal Algo­rithm for Sequen­ti­al Data Com­pres­si­on” no IEEE Tran­sac­ti­ons on Infor­ma­ti­on The­ory (Maio de 1977), co-auto­ria de Jacob Ziv. Os algo­rit­mos LZ77 e LZ78 de auto­ria de Lem­pel e Jacob Ziv leva­ram a uma série de tra­ba­lhos deri­va­dos, incluin­do o algo­rit­mo Lem­pel-Ziv-Wel­ch, uti­li­za­do no for­ma­to de ima­gem GIF, e o algo­rit­mo de cadeia Lem­pel-Ziv-Mar­kov, uti­li­za­do nos com­pres­so­res 7‑Zip e xz. Os algo­rit­mos foram tam­bém uti­li­za­dos como ori­gi­nal­men­te publi­ca­dos em for­ma­tos como o DEFLATE, uti­li­za­do no for­ma­to de ima­gem PNG.

Em 1996 o cam­peão mun­di­al de xadrez Gar­ry Kas­pa­rov per­de o jogo para o com­pu­ta­dor Deep Blue. Um com­pu­ta­dor IBM capaz de ava­li­ar 200 milhões de movi­men­tos por segun­do. No entan­to, o homem aca­bou por ven­cer a máqui­na, uma vez que Kas­pa­rov ven­ceu o Deep Blue na par­ti­da com três vitó­ri­as e dois empa­tes e levou para casa o pré­mio de 400.000 dóla­res. Cer­ca de 6 milhões de pes­so­as em todo o mun­do acom­pa­nha­ram a acção onli­ne. Kas­pa­rov tinha ante­ri­or­men­te der­ro­ta­do o Deep Thought, o pro­tó­ti­po do Deep Blue desen­vol­vi­do por inves­ti­ga­do­res da IBM em 1989, mas ele e outros mes­tres de xadrez tinham, por vezes, per­di­do para os com­pu­ta­do­res em jogos que dura­vam uma hora ou menos. O con­cur­so de Feve­rei­ro de 1996 foi sig­ni­fi­ca­ti­vo na medi­da em que repre­sen­ta­va a pri­mei­ra vez que um huma­no e um com­pu­ta­dor o tinham eli­mi­na­do num regu­la­men­to, jogo de seis jogos, em que cada joga­dor tinha duas horas para fazer 40 joga­das, duas horas para ter­mi­nar as 20 joga­das seguin­tes e depois mais 60 minu­tos para encer­rar o jogo.

E nes­ta sema­na que pas­sou, uma ideia que tinha sido lan­ça­da no pas­sa­do mês de Setem­bro deu mais um pas­so. Tra­ta-se da sobe­ra­nia digi­tal: A Comis­são pro­põe a Lei dos Chips para fazer face à escas­sez de semi­con­du­to­res e refor­çar a lide­ran­ça tec­no­ló­gi­ca da Euro­pa. A Comis­são propôs um con­jun­to abran­gen­te de medi­das para garan­tir a segu­ran­ça do apro­vi­si­o­na­men­to, a resi­li­ên­cia e a lide­ran­ça tec­no­ló­gi­ca da UE em tec­no­lo­gi­as e apli­ca­ções de semi­con­du­to­res. A Lei Euro­peia dos Chips refor­ça­rá a com­pe­ti­ti­vi­da­de, a resi­li­ên­cia e aju­da­rá a alcan­çar tan­to a tran­si­ção digi­tal como a tran­si­ção ver­de da Euro­pa. A recen­te escas­sez glo­bal de semi­con­du­to­res for­çou o encer­ra­men­to de fábri­cas numa vas­ta gama de sec­to­res, des­de auto­mó­veis a dis­po­si­ti­vos de saú­de. No sec­tor auto­mó­vel, por exem­plo, a pro­du­ção em alguns Esta­dos Mem­bros dimi­nuiu um ter­ço em 2021. Isto tor­nou mais evi­den­te a extre­ma depen­dên­cia glo­bal da cadeia de valor dos semi­con­du­to­res num núme­ro mui­to limi­ta­do de inter­ve­ni­en­tes num con­tex­to geo­po­lí­ti­co com­ple­xo. Mas tam­bém ilus­trou a impor­tân­cia dos semi­con­du­to­res para toda a indús­tria e soci­e­da­de europeia.

Na News­let­ter des­ta sema­na apre­sen­ta­mos diver­sas noti­ci­as, arti­gos cien­tí­fi­cos, pro­je­tos de maker e alguns víde­os interessantes.

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