Newsletter Nº335

Newsletter Nº335
News­let­ter Nº335

Faz hoje anos que nas­cia, em 1802, o quí­mi­co fran­cês Antoi­ne Jérô­me Balard. Ele des­co­briu o ele­men­to bro­mo, deter­mi­nou as suas pro­pri­e­da­des, e estu­dou alguns dos seus com­pos­tos. Mais tar­de, pro­vou a pre­sen­ça de bro­mo em plan­tas e ani­mais mari­nhos. Esta des­co­ber­ta foi um sub­pro­du­to de uma inves­ti­ga­ção quí­mi­ca mais geral sobre o mar e as suas for­mas de vida. O bro­mo tinha um peso ató­mi­co pró­xi­mo da média arit­mé­ti­ca de dois outros halo­gé­ne­os conhe­ci­dos, o clo­ro e o iodo, suge­rin­do que for­ma­vam uma “famí­lia quí­mi­ca”. Tam­bém inves­ti­gou a extrac­ção bara­ta de sais da água do mar. Des­co­briu o áci­do oxâ­mi­co, uti­li­zan­do o calor para decom­por o oxi­la­to de hidro­gé­nio de amó­nio. Estu­dou e nome­ou o álco­ol amílico.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1870, o físi­co fran­cês Jean Bap­tis­te Per­rin. Ele, nos seus estu­dos sobre o movi­men­to brow­ni­a­no de par­tí­cu­las minús­cu­las sus­pen­sas em líqui­dos, veri­fi­cou a expli­ca­ção de Albert Eins­tein sobre este fenó­me­no e con­fir­mou assim a natu­re­za ató­mi­ca da maté­ria. Uti­li­zan­do uma emul­são gam­bo­ge, Per­rin foi capaz de deter­mi­nar por um novo méto­do, uma das cons­tan­tes físi­cas mais impor­tan­tes, o núme­ro de Avo­ga­dro (o núme­ro de molé­cu­las de uma subs­tân­cia em tan­tas gra­mas como indi­ca­do pelo peso mole­cu­lar, por exem­plo, o núme­ro de molé­cu­las em duas gra­mas de hidro­gé­nio). O valor obti­do cor­res­pon­dia, den­tro dos limi­tes de erro, ao dado pela teo­ria ciné­ti­ca dos gases. Por esta con­quis­ta foi galar­do­a­do com o Pré­mio Nobel da Físi­ca em 1926.

Faz igual­men­te hoje anos que nas­cia, em 1882, o físi­co ale­mão Hans Gei­ger. Ele intro­du­ziu o con­ta­dor Gei­ger, o pri­mei­ro detec­tor de par­tí­cu­las alfa indi­vi­du­ais e outras radi­a­ções ioni­zan­tes bem suce­di­das. Após ter obti­do o seu dou­to­ra­men­to na Uni­ver­si­da­de de Erlan­gen em 1906, cola­bo­rou na Uni­ver­si­da­de de Man­ches­ter com Ernest Ruther­ford. Uti­li­zou a pri­mei­ra ver­são do seu con­ta­dor de par­tí­cu­las, e outros detec­to­res, em expe­ri­ên­ci­as que leva­ram à iden­ti­fi­ca­ção da par­tí­cu­la alfa como núcleo do áto­mo de hélio e à decla­ra­ção de Ruther­ford (1912) de que o núcleo ocu­pa um volu­me mui­to peque­no no áto­mo. O con­ta­dor Gei­ger-Mül­ler (desen­vol­vi­do com Walther Mül­ler) tinha melho­ra­do a dura­bi­li­da­de, desem­pe­nho e sen­si­bi­li­da­de para detec­tar não só par­tí­cu­las alfa mas tam­bém par­tí­cu­las beta (elec­trões) e fótons elec­tro­mag­né­ti­cos ioni­zan­tes. Gei­ger regres­sou à Ale­ma­nha em 1912 e con­ti­nu­ou a inves­ti­gar os rai­os cós­mi­cos, a radi­o­ac­ti­vi­da­de arti­fi­ci­al, e a fis­são nuclear.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1905, o físi­co inglês Nevill Fran­cis Mott. Ele par­ti­lhou (com Phi­lipW. Ander­son e John H. Van Vleck dos EUA) o Pré­mio Nobel da Físi­ca de 1977 pelas suas pes­qui­sas inde­pen­den­tes sobre as pro­pri­e­da­des mag­né­ti­cas e eléc­tri­cas dos semi­con­du­to­res amor­fos. Enquan­to as pro­pri­e­da­des eléc­tri­cas dos cris­tais são des­cri­tas pela Teo­ria da Ban­da — que com­pa­ra a con­du­ti­vi­da­de dos metais, semi­con­du­to­res, e iso­la­do­res — uma famo­sa excep­ção é for­ne­ci­da pelo óxi­do de níquel. Segun­do a teo­ria da ban­da, o óxi­do de níquel deve­ria ser um con­du­tor metá­li­co mas na rea­li­da­de é um iso­lan­te. Mott refi­nou a teo­ria para incluir a inte­rac­ção elec­trão-elec­trão e expli­cou as cha­ma­das tran­si­ções Mott, atra­vés das quais alguns metais se tor­nam iso­la­do­res à medi­da que a den­si­da­de de elec­trões dimi­nui, sepa­ran­do os áto­mos uns dos outros de algu­ma for­ma conveniente.

Faz igual­men­te hoje anos que nas­cia, em 1917, o inven­tor nor­te-ame­ri­ca­no Irving B. Kahn. Ele inven­tou o tele­promp­ter. Em mea­dos dos anos 50, Kahn con­ce­beu e cons­truiu o que foi tal­vez o pri­mei­ro sis­te­ma de pro­jec­ção tra­sei­ra con­tro­la­da remo­ta­men­te e com vári­as ima­gens no mun­do para as ins­ta­la­ções do exér­ci­to dos EUA em Hunts­vil­le, Ala., para fazer apre­sen­ta­ções per­su­a­si­vas aos con­gres­sis­tas visi­tan­tes. Com cin­co ima­gens (uma gran­de, 3¼ por 4 dia­po­si­ti­vos ou ima­gem de fil­me no cen­tro, flan­que­a­da por dia­po­si­ti­vos meno­res em cada lado) e aces­so ale­a­tó­rio, pode­ria pes­qui­sar e selec­ci­o­nar entre 500 dia­po­si­ti­vos. Tele­Promp­Ter tam­bém fez mui­tas con­tri­bui­ções tec­no­ló­gi­cas para a pri­mi­ti­va indús­tria da tele­vi­são por cabo. Em 1961, Kahn e Hub Sch­la­fley demons­tra­ram a Key TV, um con­cei­to pre­co­ce de TV paga, ao mos­trar o segun­do com­ba­te de pesos pesa­dos Pat­ter­son vs. Johans­son, dan­do essen­ci­al­men­te ori­gem a pay-per-view.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1939, o quí­mi­co fran­cês Jean-Marie Lehn. Ele par­ti­lhou (com Char­les J. Peder­sen e Donald J. Cram) o Pré­mio Nobel da Quí­mi­ca de 1987, pela sua con­tri­bui­ção para a sín­te­se labo­ra­to­ri­al de molé­cu­las que imi­tam as fun­ções quí­mi­cas vitais das molé­cu­las nos orga­nis­mos vivos. Tais molé­cu­las têm uma inte­rac­ção alta­men­te selec­ti­va e espe­cí­fi­ca da estru­tu­ra. Estas molé­cu­las podem “reco­nhe­cer-se” umas às outras e esco­lher com que outras molé­cu­las irão for­mar com­ple­xos. De bai­xo peso mole­cu­lar e com pro­pri­e­da­des mui­to espe­ci­ais, as molé­cu­las des­tes com­pos­tos ligam-se de for­ma selec­ti­va, como uma cha­ve encai­xa numa fechadura.

Por fim, faz hoje anos que nas­cia, em 1943, o bioquí­mi­co ale­mão Johann Dei­se­nho­fer. Ele rece­beu o Pré­mio Nobel da Quí­mi­ca de 1988, jun­ta­men­te com Hart­mut Michel e Robert Huber, pela deter­mi­na­ção da estru­tu­ra tri­di­men­si­o­nal de cer­tas pro­teí­nas essen­ci­ais à fotos­sín­te­se. Uti­li­zan­do a cris­ta­lo­gra­fia de rai­os X (1982–85), des­ven­da­ram todos os deta­lhes de como uma pro­teí­na liga­da à mem­bra­na é cons­truí­da, reve­lan­do a estru­tu­ra do áto­mo da molé­cu­la por áto­mo. A pro­teí­na foi reti­ra­da de uma bac­té­ria que, como as plan­tas ver­des e as algas, uti­li­za a ener­gia da luz solar para cons­truir subs­tân­ci­as orgâ­ni­cas. A fotos­sín­te­se em bac­té­ri­as é mais sim­ples do que em algas e plan­tas supe­ri­o­res, mas o tra­ba­lho levou a uma mai­or com­pre­en­são da fotos­sín­te­se tam­bém nes­ses organismos.

Em 1982, H. Ross Perot e Jay Col­burn com­ple­ta­ram a pri­mei­ra cir­cum-nave­ga­ção do mun­do num heli­cóp­te­ro, o Espí­ri­to do Texas. A sua via­gem come­çou 29 dias, 3 horas, e 8 minu­tos antes, a 1 de Setem­bro. Para a sua via­gem à vol­ta do mun­do, que come­çou e ter­mi­nou em Fort Worth, Texas, Perot e Coburn pilo­ta­ram um Long Ran­ger com equi­pa­men­to de nave­ga­ção com­ple­to, equi­pa­men­to de sobre­vi­vên­cia, e arti­gos de emer­gên­cia. Foram adi­ci­o­na­dos flu­tu­a­do­res pop-out, e um tan­que de com­bus­tí­vel auxi­li­ar de 151 galões no lugar do assen­to tra­sei­ro foi uti­li­za­do para per­mi­tir ao Spi­rit of Texas voar oito horas sem rea­bas­te­ci­men­to. Um motor de tur­bi­na Alli­son 250-C28B fun­ci­o­nou sem falhas duran­te 246,5 horas de voo, voan­do mais de 10 horas por dia, sobre o mar aber­to, deser­to esté­ril, e flo­res­ta tro­pi­cal com uma velo­ci­da­de média no solo de 117 mph.

Nes­ta sema­na que pas­sou ficá­mos a saber que o heli­cóp­te­ro Inge­nuity, que se encon­tra na super­fí­cie de Mar­te, rea­li­zou um tes­te de rota­ção a alta velo­ci­da­de a 2.800 RPM no solo e que se tudo cor­res­se bem, o pas­so seguin­te seria rea­li­zar um voo de cur­ta dura­ção, pai­ran­do bre­ve­men­te sobre a loca­li­za­ção actu­al, com uma velo­ci­da­de de rotor de 2.700 RPM. No entan­to, aca­bou por ser um voo sem inci­den­tes, por­que o Inge­nuity deci­diu não levan­tar voo. O equi­pa­men­to detec­tou uma ano­ma­lia em dois dos peque­nos ser­vo­mo­to­res de con­tro­lo de voo (ou sim­ples­men­te “ser­vos”) duran­te o seu chec­kout auto­má­ti­co de pré-voo e fez exac­ta­men­te o que era supos­to fazer: Can­ce­lou o voo.

Na News­let­ter des­ta sema­na apre­sen­ta­mos diver­sas noti­ci­as, arti­gos cien­tí­fi­cos, pro­je­tos de maker assim como alguns vide­os inte­res­san­tes. São apre­sen­ta­das as revis­tas Mag­PI Nº110 e a HackS­pa­ce­Mag Nº47 de Outubro.

Esta News­let­ter encon­tra-se mais uma vez dis­po­ní­vel no sis­te­ma docu­men­ta do altLab. Todas as News­let­ters encon­tram-se inde­xa­das no link.