Newsletter Nº324

Newsletter Nº324
News­let­ter Nº324

Faz hoje anos que nas­cia, em 1904, o físi­co rus­so Pavel A. Che­ren­kov. Ele des­co­briu a radi­a­ção Che­ren­kov (1934), uma luz azul ténue emi­ti­da por elec­trões a pas­sar por um meio trans­pa­ren­te quan­do a sua velo­ci­da­de exce­de a velo­ci­da­de da luz nes­se meio. Os cole­gas cien­tis­tas sovié­ti­cos Igor Y. Tamm e Ilya M. Frank inves­ti­ga­ram o fenó­me­no a par­tir do qual o con­ta­dor Che­ren­kov foi desen­vol­vi­do. A uti­li­za­ção exten­si­va des­te detec­tor Che­ren­kov foi fei­ta mais tar­de em apli­ca­ções de físi­ca nucle­ar expe­ri­men­tal e de par­tí­cu­las. Pelo seu tra­ba­lho, o trio par­ti­lhou o Pré­mio Nobel da Físi­ca de 1958.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1915, o físi­co nucle­ar nor­te-ame­ri­ca­no Albert Ghi­or­so. Ele co-des­co­briu 12 novos ele­men­tos da tabe­la perió­di­ca. No iní­cio da déca­da de 1940, Sea­borg mudou-se para Chi­ca­go para tra­ba­lhar no Pro­jec­to Manhat­tan. Con­vi­dou Ghi­or­so a jun­tar-se a ele, e duran­te os qua­tro anos seguin­tes Ghi­or­so desen­vol­veu ins­tru­men­tos sen­sí­veis para detec­tar a radi­a­ção asso­ci­a­da à deca­dên­cia nucle­ar, incluin­do a fis­são espon­tâ­nea. Um dos ins­tru­men­tos ino­va­do­res de Ghi­or­so foi um ana­li­sa­dor de altu­ra de pul­so de 48 canais, o que lhe per­mi­tiu iden­ti­fi­car a ener­gia, e por­tan­to a fon­te, da radi­a­ção. Duran­te este tem­po des­co­bri­ram dois novos ele­men­tos (95, ame­ri­cium e 96, curium), embo­ra a publi­ca­ção tenha sido reti­da até depois da guer­ra. Após a guer­ra, Sea­borg e Ghi­or­so regres­sa­ram a Ber­ke­ley, onde eles e cole­gas uti­li­za­ram o ciclo­trão Croc­ker de 60″ para pro­du­zir ele­men­tos com o núme­ro ató­mi­co aumen­ta­do bom­bar­de­an­do alvos exó­ti­cos com iões de hélio. Em expe­ri­ên­ci­as duran­te 1949–1950, pro­du­zi­ram e iden­ti­fi­ca­ram ele­men­tos 97 (ber­ke­lium) e 98 (cali­for­nium). Em 1953, numa cola­bo­ra­ção com o Labo­ra­tó­rio Argon­ne, Ghi­or­so e cola­bo­ra­do­res pro­cu­ra­ram e encon­tra­ram ele­men­tos 99 (eins­tei­nium) e 100 (fer­mium), iden­ti­fi­ca­dos pela sua radi­a­ção carac­te­rís­ti­ca na poei­ra reco­lhi­da por aviões des­de a pri­mei­ra explo­são ter­mo­nu­cle­ar (o tes­te Mike). Em 1955, o gru­po uti­li­zou o ciclo­trão para pro­du­zir 17 áto­mos do ele­men­to 101 (men­de­le­vium), o pri­mei­ro ele­men­to novo a ser des­co­ber­to áto­mo-por-ato­mo. A téc­ni­ca de recuo inven­ta­da por Ghi­or­so foi cru­ci­al para a obten­ção de um sinal iden­ti­fi­cá­vel de áto­mos indi­vi­du­ais do novo ele­men­to. Em mea­dos dos anos 50, tor­nou-se cla­ro que para pro­lon­gar ain­da mais a tabe­la perió­di­ca, seria neces­sá­rio um novo ace­le­ra­dor, e foi cons­truí­do o Ber­ke­ley Heavy Ion Line­ar Acce­le­ra­tor (HILAC), com Ghi­or­so no coman­do. Esta máqui­na foi uti­li­za­da na des­co­ber­ta dos ele­men­tos 102–106 (102, nobe­lium; 103, lawren­cium; 104, ruther­for­dium; 105, dub­nium e 106, sea­bor­gium), cada um pro­du­zi­do e iden­ti­fi­ca­do com base em ape­nas alguns áto­mos. A des­co­ber­ta de cada ele­men­to suces­si­vo foi pos­sí­vel gra­ças ao desen­vol­vi­men­to de téc­ni­cas ino­va­do­ras de mani­pu­la­ção robó­ti­ca de alvos, quí­mi­ca rápi­da, detec­to­res de radi­a­ção efi­ci­en­tes, e pro­ces­sa­men­to infor­má­ti­co de dados. A actu­a­li­za­ção de 1972 do HILAC para o superHI­LAC for­ne­ceu fei­xes de iões de mai­or inten­si­da­de, o que foi cru­ci­al para pro­du­zir áto­mos novos sufi­ci­en­tes para per­mi­tir a detec­ção do ele­men­to 106.

Faz igual­men­te hoje anos que nas­cia, em 1918, o físi­co cana­di­a­no Ber­tram Brockhou­se. Ele desen­vol­veu téc­ni­cas de difrac­ção de neu­trões uti­li­za­das para o estu­do da estru­tu­ra e pro­pri­e­da­des da maté­ria para a qual par­ti­lhou o Pré­mio Nobel da Físi­ca em 1994 (com o físi­co ame­ri­ca­no Clif­ford G. Shull). Ao con­ce­ber ins­tru­men­tos para medir a ener­gia dos neu­trões dis­per­sos a par­tir de um mate­ri­al sóli­do, Brockhou­se for­ne­ceu uma visão da sua estru­tu­ra ató­mi­ca. Tor­nou pos­sí­veis avan­ços na tec­no­lo­gia dos semi­con­du­to­res. O seu Espec­tró­me­tro de Neu­trões de Tri­plo Eixo é ago­ra ampla­men­te uti­li­za­do não só para inves­ti­gar estru­tu­ras ató­mi­cas, mas tam­bém molé­cu­las de vírus e ADN.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1921, o bioquí­mi­co nor­te-ame­ri­ca­no Robert Bru­ce Mer­ri­fi­eld. Ele rece­beu o Pré­mio Nobel da Quí­mi­ca de 1984 pelo seu desen­vol­vi­men­to do méto­do de sín­te­se de pep­tí­de­os de fase sóli­da para a cons­tru­ção de gran­des molé­cu­las orgâ­ni­cas sobre uma matriz sóli­da. Pri­mei­ro ane­xou um ami­noá­ci­do a peque­nas esfe­ras de polí­me­ro plás­ti­co, depois adi­ci­o­nou outros ami­noá­ci­dos, um após o outro, até se cons­truir uma cadeia de poli­pep­tí­de­os. A cadeia foi então liber­ta­da do polí­me­ro. As cadei­as de ami­noá­ci­dos podem assim ser cons­truí­das em qual­quer ordem pré-deter­mi­na­da para sin­te­ti­zar uma gran­de vari­e­da­de de pro­teí­nas, hor­mo­nas, e outras molé­cu­las orgâ­ni­cas. O tra­ba­lho de Mer­ri­fi­eld abran­geu o desen­vol­vi­men­to de resi­nas, a pro­tec­ção de gru­pos e estra­té­gi­as quí­mi­cas, e a enge­nha­ria que trou­xe a auto­ma­ti­za­ção à quí­mi­ca peptídea.

Faz igual­men­te hoje anos que nas­cia, em 1922, o físi­co nor­te-ame­ri­ca­no Leon M. Leder­man. Ele par­ti­lhou (com Mel­vin Schwartz e Jack Stein­ber­ger) o Pré­mio Nobel da Físi­ca de 1988 pela sua inves­ti­ga­ção con­jun­ta e des­co­ber­ta (1960–62) de uma nova par­tí­cu­la suba­tó­mi­ca, o neu­tri­no muon. Neu­tri­nos são par­tí­cu­las suba­tó­mi­cas sem mas­sa detec­tá­vel e sem car­ga eléc­tri­ca, que se des­lo­cam à velo­ci­da­de da luz. A des­co­ber­ta do neu­tri­no muon, foi segui­da de des­co­ber­tas por outros cien­tis­tas de uma série de dife­ren­tes “famí­li­as” de par­tí­cu­las suba­tó­mi­cas. Jun­tas, for­mam ago­ra um mode­lo padrão, um esque­ma que tem sido uti­li­za­do para clas­si­fi­car todas as par­tí­cu­las ele­men­ta­res conhecidas.

Faz tam­bém hoje anos que nas­cia, em 1930 o mate­má­ti­co ame­ri­ca­no Stephen Sma­le. Ele rece­beu a Meda­lha Fields em 1966 pelo seu tra­ba­lho em topo­lo­gia e sis­te­mas dinâ­mi­cos. Um dos seus estu­dos (1961) foi sobre a con­jec­tu­ra gene­ra­li­za­da de Poin­ca­ré, um famo­so pro­ble­ma do sécu­lo XX, que afir­ma que um colec­tor tri­di­men­si­o­nal fecha­do sim­ples­men­te liga­do é uma esfe­ra tri­di­men­si­o­nal. Sma­le pro­vou uma con­jec­tu­ra de Poin­ca­ré de dimen­são supe­ri­or para um colec­tor n‑dimensional onde n é pelo menos 5. Nou­tro tra­ba­lho, rela­ci­o­na­do com estra­nhos atrac­to­res, um dos pri­mei­ros frac­tais a ser estu­da­do conhe­ci­do, des­co­briu estra­nhos atrac­to­res que levam a sis­te­mas dinâ­mi­cos caó­ti­cos. (Um atrac­tor na mecâ­ni­ca clás­si­ca é uma for­ma geo­mé­tri­ca de des­cre­ver o com­por­ta­men­to de um sis­te­ma dinâ­mi­co). O seu tra­ba­lho recen­te tem sido sobre a infor­má­ti­ca teórica.

Por fim, faz hoje anos que nas­cia, em 1943, a astró­no­mo bri­tâ­ni­ca Jocelyn Bell Bur­nell. Ela des­co­briu os pri­mei­ros qua­tro pul­sa­res. Era uma estu­dan­te gra­du­a­da da Uni­ver­si­da­de de Cam­brid­ge, com 24 anos, à pro­cu­ra de qua­sa­res em 1967, quan­do repa­rou num sinal de rádio este­lar invul­gar — uma série rápi­da de pul­sos que se repe­te a cada 1.337 segun­dos. Este farol inte­res­te­lar não foi fei­to pelo homem, por isso foi ape­li­da­do de diver­são como LGM, para “Lit­tle Gre­en Man”. Nos meses seguin­tes, Bell encon­trou mais três fon­tes de impul­sos de rádio atra­vés de uma aná­li­se cui­da­do­sa de cen­te­nas pági­nas ano­ta­das a cane­ta. Estas repre­sen­ta­vam uma nova clas­se de objec­tos celes­tes — pul­sa­res — que os astró­no­mos aca­ba­ram por asso­ci­ar à maté­ria super­den­sa na fase final da evo­lu­ção das estre­las maci­ças. Até à data, foram iden­ti­fi­ca­dos mais algu­mas cen­te­nas de pulsares.

Em 1954, o Boeing 707 fazia o seu pri­mei­ro voo. Na altu­ra conhe­ci­do como Boeing 376–80 o avião a jac­to tor­nar-se-ia um dos mais popu­la­res de todos os tem­pos. Hoje em dia ver­sões modi­fi­ca­das des­te avião ain­da voam como o KC-135 tan­ker e o E‑3 AWACS.

Em 1965, depois de ter che­ga­do a Mar­te no dia ante­ri­or, a son­da Mari­ner 4 envia para a Ter­ra as pri­mei­ras 22 foto­gra­fi­as de Mar­te. Todas elas apre­sen­tam Mar­te como um vas­to e esté­ril deser­to de cra­te­ras e areia cor de fer­ru­gem, afas­tan­do as sus­pei­tas do sécu­lo XIX de que uma civi­li­za­ção avan­ça­da pode­ria exis­tir no planeta.

Faz hoje quin­ze anos que uma empre­sa cha­ma­da Odeo lan­ça­va ofi­ci­al­men­te uma apli­ca­ção cha­ma­da Twt­tr. Nem o nome da empre­sa nem o nome da apli­ca­ção fica­ram para a his­tó­ria. Hoje em dia a empre­sa tem o nome actu­al­men­te conhe­ci­do da apli­ca­ção e cha­ma-se Twit­ter. Esta era ape­nas um “side-pro­ject” da empresa.

Nes­ta sema­na que pas­sou a Vir­gin Galac­tic anun­ci­ou que a Uni­da­de VSS alcan­çou com suces­so o espa­ço, com­ple­tan­do o quar­to voo espa­ci­al da Com­pa­nhia movi­do a fogue­tes. O voo foi o 22º voo de tes­te do VSS Unity e o pri­mei­ro voo de tes­te com uma tri­pu­la­ção com­ple­ta na cabi­ne, incluin­do o fun­da­dor da Com­pa­nhia, Sir Richard Bran­son. A tri­pu­la­ção cum­priu uma série de objec­ti­vos de tes­te rela­ci­o­na­dos com a expe­ri­ên­cia da cabi­ne e do cli­en­te, incluin­do a ava­li­a­ção da cabi­ne do cli­en­te comer­ci­al, as vis­tas da Ter­ra a par­tir do espa­ço, as con­di­ções para a rea­li­za­ção de inves­ti­ga­ção e a efi­cá­cia do pro­gra­ma de trei­no de cin­co dias de pré-voo no Spa­ce­port Ame­ri­ca. A Uni­da­de VSS atin­giu uma velo­ci­da­de de Mach 3 após ter sido liber­ta­da da nave mãe, VMS Eve. O veí­cu­lo alcan­çou o espa­ço, a uma alti­tu­de de cer­ca de 86 qui­ló­me­tros, antes de des­li­zar sua­ve­men­te para uma pis­ta de ater­ra­gem no Spa­ce­port America.

Na News­let­ter des­ta sema­na apre­sen­ta­mos diver­sas noti­ci­as, arti­gos cien­tí­fi­cos, pro­je­tos de maker assim como alguns vide­os interessantes.

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